Quero começar o artigo da coluna de hoje agradecendo. Agradecendo a Deus por mais uma semana, por ainda pensar – pouco – e pela oportunidade que o “Portal27” através de seus organizadores me concedem. Muito tem-se falado a cerca da saúde e seu estado comatoso em que , que por ironia do destino, se encontra a Cidade Saúde. Quando leio ou que escrevo sobre determinado tema, me idêntico e aprecio aqueles baseados na experiência pessoal do autor , ou os textos que produzo com base em minha própria vivencia.
A minha avó sempre foi muito “doentinha”. Suas agruras e saga de tratamento em tratamento eu por muito tempo acompanhei, e conheci médicos e médicos. E por esta razão, acompanhei postos de saúde sempre cheios de doentes, isso a mais de trinta anos, quando não tínhamos toda “sofisticação”, de agentes de saúde visitando famílias, pesando crianças, marcando consultas, e também não havia UPA’s, e unidades de saúde aqui e ali.
Já naquela época havia os profissionais de saúde médicos, que escreviam a receita sem te perguntar nada, mas, contudo, cumprimentavam com um bom dia, ou boa tarde. Tem uma coisa que costumo dizer, que creio ser um dos princípios de uma boa relação interpessoal, é o seguinte: Antes de você ser médico, advogado, pastor, padre, engenheiro, empresário, etc., é preciso ser gente, e na minha concepção, isto implica em ter bom caráter, bons princípios, para resumir, é preciso ter educação, algo em extinção nos últimos tempos.
Nossa sociedade de consumo sofre com o péssimo atendimento nas padarias, nas lojas, com pessoas às vezes mal humoradas, e para arrematar o mau atendimento, mal educadas. E você deve estar se perguntando, o que isso tem a ver com a saúde? Ocorre que o mal atendimento, e a má educação, não estão apenas nos balcões comerciais da vida cotidiana, da compra e da venda.
A adoção desta pratica esdruxula por parte de profissionais da saúde é simplesmente deprimente. E, como disse no início, gosto de falar ou escrever sobre o que vivo, por isso quero relatar aqui algumas das péssimas experiências vividas no trato com profissionais médicos. No ano de 2011, acompanhei uma pessoa que, eu creio, esta viva por um milagre.Acometida de dores abdominais agudas, ou quatro dias indo e voltando do atendimento médico de urgência, onde um dos médicos chegou a diagnosticar a dor como “verme”. No quinto dia já em Vila Velha em estado grave, foi submetida a uma cirurgia de emergência de apendicite. Pelo menos três médicos aqui em Guarapari deram diagnóstico diferentes. Para fechar o caso, essa pessoa era funcionária de um cirurgião que não teve sequer a sensibilidade de examina-la, e depois de sete dias afastada do trabalho, ele telefonou para saber o que tinha acontecido.
Em outra situação, uma mulher pagou por uma consulta, para que o ginecologista receitasse, orientasse, ou conversasse sobre reposição hormonal, o médico candidamente lhe orientou: “pesquise no google, se você achar que é interessante fazer a reposição, volte aqui que eu então lhe receito o medicamento”.
Uma moradora do bairro Ipiranga, me relatou a poucos dias, que com a Pressão Arterial nas alturas, procurou atendimento médico, e entrando no consultório, foi recebida assim: “O que que você tem? Ao que ela respondeu: Bom dia doutor! Eu não sei o que tenho, mas creio que o senhor poderá me ajudar. O médico contrariado com a educação da paciente disse: “Você está com a pressão alta mesmo, mas vou lhe receitar um calmante, pois você está muito nervosa”. Pois é , educação agora é sinônimo de nervosismo, não podemos nem se quer desejar um bom dia a certos doutores.
Esta educação animalesca, essa pressa no atender, esse atendimento industrial dedicado a pessoas, é algo inaceitável especialmente em se tratando do atendimento de pessoas doentes. Essa conduta imoral e indecente praticada por alguns profissionais nos leva a crer que a saúde realmente vai muito mal, a começar pela alma de que tem se habilita a tratar de pessoas doentes. Talvez fosse o caso, de depois da residência alguns “doutores” fazerem uma complementação em sociologia, com ênfase em relações humanas.
Texto: Fabiano dos Santos.