No dia 16 de maio, a Associação Salvamar promoveu um evento em alusão à campanha Maio Laranja, voltada para a conscientização, prevenção e combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. A iniciativa reuniu a comunidade do bairro atendido pela instituição, assistidos e profissionais da rede de proteção, promovendo palestras, rodas de conversa e atividades educativas.
A campanha Maio Laranja é realizada nacionalmente durante o mês de maio com o objetivo de dar visibilidade a uma das formas mais graves de violação dos direitos humanos de crianças e adolescentes. Em Guarapari, o evento teve como destaque a palestra da psicóloga Evelane Costa Santos, que compartilhou sua experiência na área da Assistência Social e da proteção à infância, e a presença das misses do Espírito Santo.

“Durante essa trajetória, tive contato com inúmeras famílias e crianças em situação de violência doméstica, sobretudo violência sexual, principalmente em minha atuação no CREAS. Essa é uma realidade dolorosa, persistente e que exige de nós um compromisso firme e contínuo”, afirmou Evelane, que atua há 14 anos na Prefeitura de Guarapari, vinculada à Secretaria Municipal de Trabalho, Assistência e Cidadania (SEMTAC).
A psicóloga conduziu uma roda de conversa que proporcionou um espaço de escuta e partilha. Durante o encontro, participantes relataram experiências de abuso sexual vividas na infância ou adolescência — muitos, pela primeira vez. “Esses relatos reforçam a urgência e a importância do nosso trabalho. O abuso sexual ainda é envolto em tabus, medo e desinformação. Por isso, o diálogo dentro das famílias é essencial”, completou.
Além da palestra, o evento contou com atividades lúdicas voltadas para os jovens, com o objetivo de promover a conscientização de forma ível e educativa.

A assistente social Geórgia Catarino, que colaborou na organização da ação, destacou o impacto positivo do encontro:
“O evento abordou o Maio Laranja com os assistidos da Associação Salvamar e a comunidade do bairro. Tivemos uma palestra com roda de conversa, em que as pessoas puderam interagir, tirar dúvidas e dar seus depoimentos. Alguns relataram, inclusive, terem sofrido abuso na infância. Nossos jovens participaram de atividades educativas e foram alertados sobre riscos, inclusive os que ocorrem no ambiente digital.”
Segundo Evelane, a proteção das crianças e adolescentes deve ser uma missão contínua.
“A prevenção é diária. O cuidado não pode estar ao calendário. É uma causa permanente que deve ser assumida por todos: pais, mães, professores, psicólogos, conselheiros, lideranças comunitárias e políticas. Nosso papel é garantir escuta, acolhimento e informação.”
Como surgiu o Maio Laranja?
A campanha Maio Laranja foi criada como parte de uma mobilização nacional para o enfrentamento ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Sua origem está diretamente ligada a um caso emblemático e trágico que chocou o país: o caso Araceli.
Em 18 de maio de 1973, a menina Araceli Cabrera Crespo, de apenas 8 anos, desapareceu em Vitória (ES). Dias depois, seu corpo foi encontrado com sinais de violência física e sexual. O crime, cometido por jovens de famílias influentes da sociedade capixaba, permanece até hoje impune, mesmo tendo ganhado grande repercussão na época.
O caso Araceli tornou-se um símbolo da luta por justiça e proteção da infância, representando milhares de crianças e adolescentes vítimas de violência no Brasil. Em razão disso, a data de 18 de maio foi instituída oficialmente como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, por meio da Lei Federal nº 9.970/2000.
Com o ar dos anos, o mês de maio ou a ser marcado por ações de mobilização, conscientização e educação sobre o tema, e foi assim que nasceu o Maio Laranja — uma campanha que busca dar visibilidade ao problema, estimular a denúncia, promover o diálogo dentro das famílias e fortalecer as redes de proteção.
O nome “laranja” foi escolhido por representar energia, atenção e alerta — características que remetem à urgência e gravidade do combate à violência sexual infantojuvenil.