Contemplem a eterna dança entre a Verdade e a Mentira! Uma, coitada, carrega o fardo de ser a dona absoluta da razão. A outra, sua irmã rebelde, especializou-se na arte da destruição de qualquer vestígio de realidade. Ambas compartilham a mesma alergia: o DIÁLOGO!
E eis que temos Guarapari, nosso adorável laboratório social à beira-mar, onde esse duelo se materializa com sabor tropical. De um lado, os autoproclamados guardiões da “verdade turística”, brandindo suas teorias sobre a incompatibilidade entre turismo e veranismo – como se fossem água e óleo, numa analogia tão sofisticada quanto um milkshake de camarão.

Os veranistas! Esses seres misteriosos que, segundo os “iluminados”, sustentam-se apenas de PF e água da torneira. Curiosamente, foram justamente esses “bárbaros do verão” que, apaixonados, transformaram-se em cidadãos permanentes. Mas quem precisa de fatos históricos quando se tem preconceitos tão bem cultivados?
E que delícia é observar o circo pré-posse do novo prefeito! A Verdade e a Mentira, numa rara colaboração, produzem cenários tão fantasmagóricos que fariam inveja a Stephen King. O coitado ainda nem se sentou na cadeira e já deve estar pesquisando retiros budistas.
O caso das casas de aluguel, então? Uma comédia digna de Molière! Conheço proprietários dispostos a normatizar o setor, mas a Verdade e a Mentira preferem manter o ime. É mais divertido, não é?
E os mineiros, nossos queridos mineiros! Se um dia resolverem fazer greve e descobrirem outras praias, veremos quanto tempo dura o orgulho dos “guaraparienses raiz”. Talvez então percebam que elitizar não é prosperar.
No fim, enquanto a Verdade e a Mentira continuarem seu tango, Guarapari segue seu caminho – nem paraíso turístico imaculado, nem inferno veranista apocalíptico. Apenas uma cidade que poderia ser muito mais se seus habitantes entendessem que até a verdade mais verdadeira e a mentira mais mentirosa precisam sentar, tomar uma água de coco juntas e itirem: ninguém é dono do sol, do mar ou da cidade.
Guarapari é nossa. Ou melhor, é de todos aqueles que a amam – seja por um dia ou uma vida inteira.