A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira, 14, o registro definitivo da primeira vacina contra a chikungunya no Brasil. Com a autorização, o imunizante está liberado para aplicação em pessoas com 18 anos ou mais.
Desenvolvida pela farmacêutica austríaca Valneva e fabricada na Alemanha, a vacina é do tipo recombinante atenuada, ou seja, utiliza vírus vivos enfraquecidos para estimular o sistema imunológico sem provocar a doença. O pedido de registro no Brasil foi feito em parceria com o Instituto Butantan, que também atua no desenvolvimento de uma versão nacional do imunizante.

A decisão da Anvisa foi baseada em estudos clínicos realizados em adultos e adolescentes, que comprovaram a eficácia da vacina na indução de anticorpos neutralizantes contra o vírus da chikungunya. A aprovação contou ainda com a participação da agência brasileira como observadora na avaliação feita pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), além do apoio técnico de especialistas em arboviroses e desenvolvimento de vacinas.
Em nota, Gustavo Mendes, diretor de Assuntos Regulatórios, Qualidade e Ensaios Clínicos do Instituto Butantan, destacou a importância da vacina diante do avanço da doença no país. “A chikungunya é uma doença que atinge o Brasil de maneira significativa. No ano ado, foram registrados mais de 200 mil casos prováveis e mais de 200 mortes. Ter uma vacina contra essa doença, com a participação do Butantan, é algo bastante inovador”, afirmou.
O Butantan também desenvolve uma versão da vacina com componentes nacionais, atualmente em análise pela Anvisa. A expectativa é que essa versão seja utilizada na rede pública de saúde, ampliando o o à imunização.

Estudos clínicos de fase 3 realizados com adolescentes brasileiros indicaram que uma única dose da vacina gerou anticorpos neutralizantes em 100% dos voluntários com infecção anterior e em 99,8% daqueles que nunca tiveram contato com o vírus. Após seis meses, a proteção foi mantida em 99,1% dos participantes. Entre os efeitos adversos observados, estão dor de cabeça, fadiga, dor no corpo e febre, todos classificados como leves ou moderados.
A chikungunya é uma doença febril aguda causada pelo vírus CHIKV, transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti – o mesmo responsável pela transmissão da dengue e da zika. Os sintomas mais comuns incluem febre alta súbita (acima de 38,5°C) e dores intensas nas articulações, especialmente em pés, mãos, tornozelos e punhos. Também podem ocorrer manchas na pele, dor de cabeça e dor muscular.
Segundo o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, a chegada da vacina representa um avanço no combate à doença. “Atualmente, o Brasil só conta com o controle do vetor e o tratamento dos sintomas. A vacina permitirá prevenir a chikungunya por meio da imunização”, afirmou. A vacina é contraindicada para gestantes, pessoas imunodeficientes e imunossuprimidas.